INTRODUÇÃO:
O evento South by Southwest (SXSW) é uma renomada conferência e festival anual que acontece em Austin, Texas nos Estados Unidos todo mês de março. É um festival que nos provoca a lidar com ambiguidades.
O evento reúne uma gama diversificada de profissionais, criativos e inovadores em vários setores, incluindo inovação, mídia interativa, ciência, tecnologia, música e cinema. O SXSW é conhecido por sua programação disruptiva que celebra a interseção entre criatividade, tecnologia e negócios. É um evento altamente esperado que reúne algumas das mentes mais brilhantes e inovadoras em vários campos.
Como foi este ano?
À medida que veículos elétricos autônomos e robôs circulavam pelo centro da cidade, enquanto vespas entregavam pizza grátis, muitas das discussões foram sobre a Inteligência Artificial Generativa, a aquisição da IA, crimes cibernéticos, a conexão entre pessoas e máquinas e fugas espaciais.
Com o advento do ChatGPT3, em novembro do ano passado, a IA foi tema principal ou transversal da maioria dos painéis, palestras, ativações, stands, experiências imersivas e conversas nos corredores do SXSW deste ano. Como especialista em inovação, estive atento ao que futuristas e pesquisadores apresentaram por lá nas áreas de inovação, tecnologia e tendências. Mas também participei de palestras de assuntos variados nas áreas de educação e ciências.
Trazendo o seu melhor para o evento, os estúdios cinematográficos estavam preparados para mergulhar os participantes nas realidades alternativas de seus filmes e shows, com ativações inteligentes e criativas. E eu não perdi a oportunidade de vivenciar algumas dessas experiências e de ver filmes e documentários muito interessantes.
Ficou muito claro pra mim que estamos vivendo a era da convergência. Não é apenas sobre os avanços mais sofisticados em inteligência artificial, computação quântica, metaverso ou blockchain. As oportunidades de mudanças mais promissoras estão na convergência entre todas essas tecnologias exponenciais e não em uma aposta isolada. E essa era da convergência exige uma liderança colaborativa e ambidestra.
Essas são as principais tendências que acompanhei no evento:
1. Inteligência Artificial Generativa
A inteligência artificial já é utilizada em muitas áreas e indústrias para resolver problemas de negócio, detectar fraudes, melhorar a performance no agronegócio ou recomendar produtos e serviços. A diferença é que a Inteligência Artificial Generativa agora está mais acessível para o nosso uso cotidiano e ela evolui a cada interação com os nossos inputs.
Basicamente a IAG usa algoritmos para criar conteúdos novos e originais, incluindo imagens, vídeos e música a partir de dados já existentes na internet, sem a necessidade de intervenção humana. E ela está crescendo, em especial com o ChatGPT, responsável pela popularização da IAG.
Eu tive a oportunidade de ouvir e aprender com o próprio Greg Brockman, Presidente e Co-fundador da OpenAI, uma empresa dedicada a difundir e aplicar os benefícios da Inteligência Artificial em favor da humanidade e idealizador do ChatGPT.
Com a moderação precisa da Laurie Segall, fundadora da empresa Dot Dot Dot Media, ouvimos atentamente sobre o futuro que já está aqui, e as barreiras éticas que acompanham esta nova era de inovação.
E não para por ai: o Google já anunciou atualizações para incluir IAG em todos os seus serviços nos próximos meses e a Microsoft já tem o Bing, que usa a mesma linguagem.
2. É o fim da internet como a conhecemos.
A futurista e CEO do Future Today Institute, Amy Webb, um dos nomes mais esperados do evento de inovação estruturou a sua fala em IA generativa e a nova fase da internet e começou a sua palestra dizendo: “é o fim da internet como a conhecemos”. “E se ao invés de pesquisarmos na Internet, a Internet é que vai estudar a gente, completou”.
Outros insights me chamaram a atenção também como a impressão de cheiro pelo Google ( Smell print by Google) tecnologia que já está sendo desenvolvida, a obtenção dos dados de banheiros conectados, além do futuro das profissões dos programadores e desenvolvedores que poderão ajudar a salvar vidas usando IA.
Ficou evidente que para usufruir de toda essa tecnologia precisaremos de conhecimento e de treinamento no uso dessas ferramentas.
3. Midjourney, DALL-E, Stable Diffusion.
Se você trabalha com conteúdo incluindo design ou ilustração, estes nomes são familiares a você. São programas que transformam palavras em imagens. Eles usam inteligência artificial para criar imagens e vídeos muito realistas e renderizados a partir de descrições e perguntas que podem ser feitas em qualquer idioma. Um exemplo é a plataforma de criação de vídeo baseada em inteligência artifcial RIZZLE
Outra novidade é que a Microsoft lançou um sistema de geração de imagens DALL-E 2 em seus aplicativos como Microsoft Designer e Image Creator.
4. Metaverso
O metaverso é baseado em uma convergência de diversas tecnologias, incluindo XR, AI e blockchain para alimentar mundos virtuais 3D. Muito falado na edição de 2022 do SXSW, o tema perdeu espaço para a IAG – Inteligência Artificial Generativa este ano, mas não foi esquecido, mesmo porque de acordo com os especialistas, com o avanço da IA, o metaverso vai crescer apesar da necessidade de avanços importantes nas tecnologias de conectividade, incluindo o 6G, redes de fibra e vídeos de alta resolução.
Em uma das trilhas do evento, “The Future of Learning in the Metaverse” com a especialista Maya Georgieva, aprendemos que o metaverso vai remodelar o cenário educacional e profissional, incluindo o trabalho e o aprendizado remoto, trazendo uma governança descentralizada, novas formas de credenciar e certificar as nossas identidades digitais. Ela também falou sobre desafios profundos, incluindo acessibilidade, a ética das nossas interações virtuais e como os objetivos da indústria de tecnologia se encaixam na missão mais ampla da educação.
5. Upskilling
Upskilling é o processo de aperfeiçoamento de habilidades, quando um profissional busca aprimorar os seus conhecimentos para obter mais domínio sobre um determinado assunto. A IA não vai substituir as pessoas nem tirar seus empregos, garantiram os especialistas e futuristas presentes no SXSW. Porém, para se manter competitivo no mercado de trabalho e não perder o seu emprego em algumas áreas que estão sendo revolucionadas pela tecnologia, precisaremos nos aperfeiçoar. E se você for muito bom na sua área e não parar de aprender, não precisa ter medo.
O foco continuará sendo no ser humano e em como toda essa tecnologia poderá melhorar as nossas vidas e o nosso planeta. Para isso, é essencial que empresas, governos, escolas, toda a sociedade invista na educação e capacitação (upskilling) de todas as gerações para que as pessoas aprendam a utilizar as ferramentas de IA e tenham o seu beneficio.
Proibir ou banir o uso do ChatGPT e de outras ferramentas de IA, no trabalho, nas escolas e universidades, por exemplo, não é uma boa ideia, pois isso pode gerar uma exclusão das pessoas no processo de desenvolvimento e amadurecimento dessas tecnologias.
Eu acredito que o caminho é democratizar o acesso e o conhecimento dessas tecnologias para que tenhamos um benefício coletivo delas.
6. Psicodélicos: “a viagem que cura”
Depois da Inteligência Artificial Generativa (IAG), esse foi o tema mais “quente” do SXSW 2023, com uma trilha específica que incluiu mais de 20 paineis e trouxe pessoas de diferentes indústrias para discutir os psicodélicos, incluindo pesquisadores, startups e até um fundo de investimentos especializado em investir em startups com soluções utilizando psicodélicos.
De acordo com especialistas da área, o uso médico e terapêutico de cannabis, psilocybe (espécie de cogumelo) e outros tipos de psicodélicos irão movimentar investimentos de mais de 7 bilhões de dólares nos próximos anos. Os estudos focam particularmente em mecanismos biológicos que alteraram o estado psíquico dos pacientes de modo seguro e terapêutico.
Aqui no Brasil já estamos vendo alguns avanços, a empresa Beneva, rede que aplica cetamina e ibogaína, substâncias administradas por terapeutas para ajudar pacientes no tratamento de doenças psíquicas, recebeu um investimento de R$ 6,6 milhões de reais para expandir o seu negócio no país.
7. “Não temos mais o direito de sermos pessimistas”
Esta frase, dita por Ryan Gallet, CEO da Patagonia, retrata o contexto da crise climática que vivemos. O executivo afirma que já passou o momento de falarmos sobre preservação e que agora devemos focar na regeneração. Regeneração dos ecossistemas naturais, das pessoas e dos negócios. Não temos mais tempo para sermos pessimistas. É necessário agir, fazer algo, não podemos ficar mais parados complementou em sua fala.
A mesma necessidade de otimismo foi compartilhada por outros palestrantes, sob a pespectiva da evolução exponencial tecnológica.
O otimismo, inclusive, foi a temática de abertura do SXSW 2023. No emocionante painel de abertura do evento, Simran Jeet Singh, diretor executivo do programa de Religião e Sociedade do Aspen Institute e autor do livro “The Light we Give: How Sikh Wisdom Can Transform Your Life” falou sobre luta e fuga, que são as duas respostas mais comuns perante os desafios que encontramos na vida. Ele compartilhou conosco de forma muito bonita e inspiradora o “chardi kala”, que é o otimismo eterno e complementou que devemos sempre tentar encontrar a luz dentro de todos os momentos, mesmo que eles no começo sejam desafiadores para nós.
Me deixe saber o que você acha sobre esses temas, essas tendências e provocações. Obrigado pela leitura até aqui!😉
Itamar Olimpio é fundador da consultoria de inovação corporativa CO-VIVA. É professor de inovação e empreendedorismo em MBA’s na FIAP e no SENAC, e professor convidado de Inovação do MBI, (Master Business Innovation) da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), além de mentor da aceleradora de startups da FIAP, Amplifier e no Hub Inovativa. É mestre em Inovação de negócios pela Imagineering Academy, da Breda University na Holanda, onde também leciona como professor convidado.
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